terça-feira, 17 de julho de 2012

(O sonho da) Realidade

Que direito é esse que nós pensamos que possuímos de mudar o outro?

Vejo tantos relacionamentos baseados em sonhos, consolidados em um futuro distante, alicerçados em promessas. Não falo só de casais: pais e filhos, avós e netos, irmãos.

Vejo o peso do olhar profundo e triste de quem carrega a expectativa: sempre uma pessoa-a-ser, nunca completa. A sombra de uma perspectiva alheia de perfeição dança em suas faces, escondendo lugares onde antes encontravam-se sorrisos e sóis.

Vejo também os traços retos e contraídos dos projetores: a ânsia tensa pela concretização a preencher espaços onde antes se espremiam confortavelmente a curiosidade e a admiração, os traços suaves.

 Eu vejo demais, mas sinto pouco.

Tendo sido projetor e projetado, sonhado sonhos pra alguns e dos sonhos de outros tentado escapar, lhes digo (a todos): ao hoje!

Ao hoje! Que os sonhos são nuvens que mudam, e ventam, e chovem.

À maior aventura da vida, a mais arriscada e difícil: viver no hoje sem a segurança dos sonhos, sem o castelo ou a fonte mágica a aguardar nossa chegada.

Ao bonito e ao feio, ao fácil e ao difícil, às qualidades e defeitos, às chegadas e às despedidas: ao hoje, agora.

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